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Introdução

São pilhas e mais pilhas de sensações inóspitas, desidratantes. Eu pensava longos fios que se tornavam galhos cheios de ramos e flores verdes. Meu pensamento agora é de um tear seco, o algodão arrebentando antes de formar a trama, as palavras desconexas.

O que era um deserto para a vista com seu horizonte amplo e vazio se tornou também poeira que secou a garganta e embotou a visão. O Sol que brilha forte não ajuda uma mente ocupada a clarear seus desígnios. É preciso trinchar a terra e extrair a verdade que brota como água, mas o solo é instransigente, as mãos cansadas.

Aonde foram meus amigos? Aqueles que eram eu mesmo, e os que não eram. Fiquei confrontado com ninguém mais do que eu, desafiado a aprender a apreciar a companhia imperfeita de um eu que não imaginei. Se quem eu fui parece ter sido alguém cheio de poesia, será que era apenas essa fértil mas efêmera camada de uma extensa pradaria durante um verão temperado, após o qual, a vida se esconde nas profundezas, e resta apenas memória, desilusão e secura?

Farei minha cabana nessa realidade concreta, que já não posso mais pintar. Se o amor brotar em minha terra, que seja aqui, onde eu sou eu e não preciso querer ser outro. E que cada fio de água clara esteja consciente de seu valor no meu mundo que hoje se resume em aridez.

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